
Bola de gude
A maior bola do mundo
é de fogo e se chama sol.
A bola mais conhecida
é a de jogar futebol.
Certa bola colorida
jogar bem eu nunca pude
é de vidro essa bandida
e chama-se bola de gude.
é de fogo e se chama sol.
A bola mais conhecida
é a de jogar futebol.
Certa bola colorida
jogar bem eu nunca pude
é de vidro essa bandida
e chama-se bola de gude.
A leitura é muito
maisdo que decifrar palavras.
Quem quiser parar pra ver
pode até se surpreender:
vai ler nas folhas do chão,
se é outono ou se é verão;
nas ondas soltas do mar,
se é hora de navegar;
e no jeito da pessoa,
se trabalha ou se é à-toa;
na cara do lutador,
quando está sentindo dor;
vai ler na casa de alguém
o gosto que o dono tem;
e no pêlo do cachorro,
se é melhor gritar socorro;
e na cinza da fumaça,
o tamanho da desgraça;
e no tom que sopra o vento,
se corre o barco ou vai lento;também na cor da fruta,
e no cheiro da comida,
e no ronco do motor,
e nos dentes do cavalo,
e na pele da pessoa,
e no brilho do sorriso,
vai ler nas nuvens do céu,
vai ler na palma da mão,
vai ler até nas estrelas
e no som do coração.
Uma arte que dá medo
é a de ler um olhar,
pois os olhos têm segredos
difíceis de decifrar.
(Poemas extraídos do livro: AZEVEDO, Ricardo. Dezenove poemas desengonçados. São Paulo: Ática,1999).
e no ronco do motor,
e nos dentes do cavalo,
e na pele da pessoa,
e no brilho do sorriso,
vai ler nas nuvens do céu,
vai ler na palma da mão,
vai ler até nas estrelas
e no som do coração.
Uma arte que dá medo
é a de ler um olhar,
pois os olhos têm segredos
difíceis de decifrar.
(Poemas extraídos do livro: AZEVEDO, Ricardo. Dezenove poemas desengonçados. São Paulo: Ática,1999).
Ricardo Azevedo (São Paulo, 1949)
É
autor de mais de cem livros infantis, em uma carreira literária que estreou em 1980.


Retornou a São Paulo em 1949, e após trabalhar em uma indústria farmacêutica, iniciou sua carreira como editor na Editora Cultrix, onde permaneceu por mais de vinte anos. Autodidata no aprendizado das línguas inglesa, francesa, italiana, alemã, espanhola, dinamarquesa e grega, dedicou-se à tradução de vários autores de literatura fantástica, poesia erótica e poetas gregos modernos.
No início de sua carreira como editor, aproximou-se de Cassiano Ricardo e do grupo da poesia concreta, chegando a colaborar na Revista Invenção e partilhar de algumas idéias sob a óptica do humor e do laconismo da economia verbal, recursos que usou para tornar mais acurada a ponta satírica de sua poesia.
